quarta-feira, 9 de maio de 2007

Acasos da vida

31.gif (GIF Image, 120x120 pixels)
Nao sei porque nem de onde, o meu pai mandou-me para o blog esta imagem. Talvez tenha deixado a senha ligada no computador ligado.
Seja como for a indeterminação, o acaso os acidentes que não se apagam na vida real, podem-se eliminar com a maior das facilidades...aqui!
Fica então...

sábado, 28 de abril de 2007

Subitamente, (ou não)

Horas tinham passado quando ouvi os seus passos,sob a relva que agora sentia que tinha amolecido talvez com a chuva que não ouvi cair. Conhecia de cor esses movimentos, mesmo de olhos fechados. Ele aproximou-se, pôs-me a mão no ombro. Senti aquele calor duma intimidade e confiança de anos de confissões . Virei-me. Senti-lhe o gelo, nos olhos azuis, atrás daquele cabelo preto que tantas vezes eu atacara com qualquer tesoura. Ouvi o instante assombroso que antecede a queda, porém desmenti apressadamente o pressentimento pelo seu carácter de pânico. O que seria mais, se não a conjectura dos meus próprios anseios? Nada acontece por acaso. Por erosão, essa rocha que era a minha mais querida amizade, tinha vindo a tornar-se pó, pelos ventos que minha própria mente tinha criado.
- Não posso mais. Tens que te cuidar sozinha. Vou-me embora.
Os olhos inchados de calor,reavivaram aquele sentimento de abandono, entre o abano constante e ritmado que meu corpo subitamente tinha ganho. Todos os padrões de salvamento que tinha criado ao longo dos anos, não me pareciam válidos. Nem me atirava para o chão a chorar, nem representava a fortaleza, nem a piedade de mim. Nada!Via as cenas de como iria passar este momento. Não. Não me apetecia nenhuma delas, menos ainda a compaixão. Num rasgo de luz, como uma ideia incandescente, lembrei-me: Nada dura sempre! Um dia passará.
Mas sim iria durar. E mesmo depois de ter entendido, que só a lei causa-efeito funciona correctamente, não vi, pela penumbra de sentimentos e principalmente desejos, de todo o mais forte de se ser amado, o porquê dessa causa.
Então repeti, uma vez mais, as palavras que iam e vinham todos estes anos, que soavam com mais ou menos relevo, em qualquer altura, até nas mais felizes: - Não posso. Tens que cuidar de ti sozinha. Vou-me embora.
E assim me abandonei.

sábado, 14 de abril de 2007

Não nada, não tenho nada...

E, de repente, uma pedra do passado cai, pesada, dura, afiada sobre a minha fronte.
Ali deitada, sinto o que pensara já ter tornado areia, bater fundo e ecoar ate ao encontro das minhas memórias
Válida, e sempre afinal intacta, é na verdade, a minha essência e não um verme, que se instalou em mim para me sugar
Não!
Eu própria o faço, sem parar. Sugo-me sem dó, arrasto os pés;
Sei o caminho, o que quero e concretizo-o e depois, ai me resta esta culpa sem dó de existir
Esta vergonha, tal como a criança que esconde a ferida com medo de ser humilhada pelo tombo em que se deixou cair.
De resto, sobra-nos a cultura, a vontade incessante de amar, de saber, que nos valoriza e que atenua essa culpa sem sentido.

De tanta dramatização só me posso recomendar:Ri minha amiga!que mais podes fazer contigo mesma? Ri e goza a tua dor descontraidamente, saboreando cada agulha que te perfura a espinha

domingo, 1 de abril de 2007

caos

"Dans le monde réelement reversé le vrai est un moment du faux"

"La alienación del espectador en beneficio del objeto contemplado (que es el resultado de su propria actividad inconsciente ) se expresa así:
Cuanto más contempla menos vive; cuanto más acepta reconocerse en las imágenes dominantes de la necessidad menos compreende su propia existencia y su propio deseo."
CCB(Barcelona)

Ai a preguiça que antecede uma felicidade que chegará com os dias contados, é uma angústia sem desculpa

Doutor?

-Até quando acha que podemos ter amigos imaginários?
- Normalmente isso acontece na infância e pode durar até a adolescência....
- Não! Não eu!Eles...até que idade eles têm?!

sábado, 10 de março de 2007

rede complexa

A Família é o complexo mais estranho que eu já vi
Precisamos muito bem gerir tudo para viver bem em família.
Muitas regras, dependendo da personalidade de cada um.
Pode estar subitamente tudo muito bem ou tudo muito mal, mesmo havendo imenso amor.
Basta pegar na peça de roupa errada, entrar a meio de um estudo, usar o perfume importantíssimo , prenda do namorado. Pode até ser deixar uma porta aberta,não desligar o aquecedor, não chegar mais cedo para almoçar, sair sem avisar, ter a infelicidade de não pescar nada de computadores e apagar todos os ficheiros que contêm a vida dos d'casa.
Pode haver respeito, mas com a liberalização de toda e qualquer expressividade de hoje, temos que usar o bom senso para não magoar nossos familiares.
Pior então são as família bomba:caracterizam-se pela presença de adolescentes. Aí então, alerta vermelho, sem mais nem porque, o adolescente explode, deixando confusa e doida qualquer alma que passe.
Muita paciência para esta.
Em qualquer família e em qualquer altura podem surgir problemas, financeiros, Stress, tédio, crises de identidade etc, que põem as duas alminhas que só se queriam juntar, na maior das guerras frias.
Para qualquer um dos casos, é mais fácil se soubermos que todos os problemas que temos com os demais, são na verdade causados por problemas connosco mesmo, a família é um lugar óptimo.

quinta-feira, 8 de março de 2007

memórias de um futuro

Aqui estou, meu neto, sentado na mesma cadeira manca, que abana como eu gosto.
Observo-te a entrar e a sair, o teu cumprimento define o teu dia. Um grande Ola! Um murmurar, as vezes bates com a porta outros nem dizes nada, apesar do carinho, assim sei de tudo e nunca nada te pergunto.
Vejo-te a ver passar os dias, tão ocupado em vir a ser um grande Homem, essa tendência para um abismo, um pânico de envelhecer (tal como eu tinha) de querer consumir o mundo numa grande refeição matinal e a consequente indigestão de factos, nem te deixa digerir o que comeste ontem.

Também eu não cometi esse erro de deixar passar a vida assim as três pancadas. É esse medo que nos mantém acordados e dispersos ainda que agoniados, e hoje não sou um velho amargurado.

Não penses que sabes o que vou dizer, pois além de dores e saudades do passado cruel, esta carroça cansada traz no corpo uma habituação instantânea da calma e paz.

Hoje não penso que falhei, mas sim quanto tempo demorei eu a aprender..Tu pensas aos meses quanto muito ao ano e eu em décadas, e nem suponhas que o meu raciocínio emocional é lento, não menino! É que entre o problema, depois pânico, stress, agonia, reflexão e calma, eu já só preciso do primeiro e do último, que me facilita muita coisa.

Entraste com as botas cheias de terra e se soubesses que a vida foi como o passeio que deste pela mata e o chegar a casa, ao fim da vida também, nos traz uma confiança, que o único pânico que tenho, já não são as penas, mas sim o vácuo e o não ser.

Nada te digo, sabes como é, aos 50 quer-se mostrar tudo o que se aprendeu, aos 80 que tenho , vou passar por chato, e por mais que saiba nem tenho vontade de te contar o fim do filme da vida (acho que será mais engraçado veres por ti...) e assim te vejo a entrar e a sair, tão amargurado com o passar dos dias e nem tu sabes que essa é que é a essência.